Celibato, sinal escatológico
Introdução
“Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração” (Os2,14).
Convém dar um conceito básico sobre o que é escatologia. Escatologia: Do gregoéskata (coisas últimas) e logos (conhecimento): estuda o que, pela Revelação, sabemos acerca do que existe após o fim da vida terrena. Pode dividir-se em três partes: a) Escatologia Universal: vinda gloriosa de Cristo no fim do mundo e plenitude do Reino de Deus; b) Escatologia Individual: morte de cada ser humano e seu destino eterno; c) Escatologia Intermédia: abarca desde a morte de cada pessoa até à sua ressurreição no último dia. “Celibato, sinal escatológico” quer entender o exercício da sexualidade do celibatário pela luz do que acontecerá após a morte e ressurreição.
Uma das dificuldades para se entender o estado celibatário é a falta de fé. O celibato é, antes de tudo, um carisma. Não é apenas um meio para se ganhar tempo, ou outro fim material. Não é uma opção acidental ou casual. O celibato possui algumas vantagens e características facilmente compreensíveis a qualquer um mesmo sem fé, mas o seu motivo essencial é de fé. E uma fé que reconhece a) Jesus Cristo; b) a Igreja Católica como Esposa de Cristo; c) e o Reino dos céus, onde veremos Deus face-a-face. Logo se vê que alguém, que não confessasse a fé católica, difilcilmente compreenderá a profundidade da questão. Assim como alguém que não cresse, quissesse falar sobre a Eucaristia, não teria a profundidade suficiente de quem vive da fé. O celibato é um mistério da fé.
O celibato, seja sacerdotal ou leigo, possui uma dimensão esponsal e paternal-maternal. Isso é desconhecido pela maioria das pessoas. Assim como o matrimônio humano também possui uma dimensão virginal. Logo se vê que a questão vai muito mais além do que se pensa.
Corrre-se o risco de que se viva na prática o celibato, mas sem compreendê-lo plenamente. E com isso, em vez de ser um carisma, se torna uma restrição para o amor. Percebe-se que uma visão secularizada do celibato só possa ver aí a frustração dos instintos mais básicos do ser humano. Mas não é essa a experiência de milhões e milhões de celibatários ao longo da história. Poderíamos dizer com santa Teresinha : “no coração da Igreja, serei o amor“.