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terça-feira, 20 de maio de 2014

Celibato

Celibato, sinal escatológico


Introdução

“Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração” (Os2,14).
Convém dar um conceito básico sobre o que é escatologia. Escatologia: Do gregoéskata (coisas últimas) e logos (conhecimento): estuda o que, pela Revelação, sabemos acerca do que existe após o fim da vida terrena. Pode dividir-se em três partes: a) Escatologia Universal: vinda gloriosa de Cristo no fim do mundo e plenitude do Reino de Deus; b) Escatologia Individual: morte de cada ser humano e seu destino eterno; c) Escatologia Intermédia: abarca desde a morte de cada pessoa até à sua ressurreição no último dia. “Celibato, sinal escatológico” quer entender o exercício da sexualidade do celibatário pela luz do que acontecerá após a morte e ressurreição.

Uma das dificuldades para se entender o estado celibatário é a falta de fé. O celibato é, antes de tudo, um carisma. Não é apenas um meio para se ganhar tempo, ou outro fim material. Não é uma opção acidental ou casual. O celibato possui algumas vantagens e características facilmente compreensíveis a qualquer um mesmo sem fé, mas o seu motivo essencial é de fé. E uma fé que reconhece a) Jesus Cristo; b) a Igreja Católica como Esposa de Cristo; c) e o Reino dos céus, onde veremos Deus face-a-face. Logo se vê que alguém, que não confessasse a fé católica, difilcilmente compreenderá a profundidade da questão. Assim como alguém que não cresse, quissesse falar sobre a Eucaristia, não teria a profundidade suficiente de quem vive da fé. O celibato é um mistério da fé.

O celibato, seja sacerdotal ou leigo, possui uma dimensão esponsal e paternal-maternal. Isso é desconhecido pela maioria das pessoas. Assim como o matrimônio humano também possui uma dimensão virginal. Logo se vê que a questão vai muito mais além do que se pensa.

Corrre-se o risco de que se viva na prática o celibato, mas sem compreendê-lo plenamente. E com isso, em vez de ser um carisma, se torna uma restrição para o amor. Percebe-se que uma visão secularizada do celibato só possa ver aí a frustração dos instintos mais básicos do ser humano. Mas não é essa a experiência de milhões e milhões de celibatários ao longo da história. Poderíamos dizer com santa Teresinha : “no coração da Igreja, serei o amor“.


SUMÁRIO
1. Quem pode ser celibatário? Leigos, ministros ordenados e consagrados; Homens e mulheres 2. Uma primeira definição de estado celibatário 3. Principais objeções ao celibato, em especial, o eclesiástico 3.1. A cultura e o ambiente secularizados 4. À imagem de Deus: A vocação ao amor 5. As razões profundas para o celibato: Cristo, a Igreja, o Reino 6. Relações entre o celibato e o matrimônio 7. A vida espiritual do celibatário 8. Os meios para se viver com coerência 9. Como discernir o chamado de Deus

1. QUEM PODE SER CELIBATÁRIO? LEIGOS, MINISTROS ORDENADOS E CONSAGRADOS; HOMENS E MULHERES

Estas várias vocações são “manifestação do único mistério de Cristo, os leigos têm como característica peculiar, embora não exclusiva, a secularidade, os pastores a « ministerialidade », os consagrados a conformação especial a Cristo virgem, pobre e obediente” (João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Vita consecrata (25 de março de 1996), 31).Leigos: Uma primeira idéia que há sobre o celibato é que ele é reservado para os padres e religiosos. Os leigos ou se casam ou esperariam se casar. Ou, pior, levam uma vida imoral e sem compromissos com ninguém. Essa é uma imagem deformada do que seja o leigo. Na verdade, o celibato laical é uma realidade jubilosa na Igreja. Também muitos leigos recebem essa graça. Ocorre muitas vezes que um leigo permaneça solteiro apenas em vista de valores naturais e imediatos. “Não me casarei para poder estudar”, “não encontrei a minha cara-metade”, “dá muito trabalho”, “não quero ter filhos para não perder a beleza do corpo”, etc. São motivações variadas, algumas boas, outras insuficientes. O caso é que o estado celibatário é um dom de Deus e deve ser assumido com uma motivação sobrenatural: por causa do Reino dos céus. Veremos mais adiante o que significa essa motivação. Por isso o celibatário não é um solteiro, um “solto” simplesmente, mas está comprometido seriamente com uma vocação específica.


O que caracteriza o leigo como tal é sua “inserção nas realidades temporais e na suaparticipação nas atividades terrenas” (João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Christifideles laici (30 de Dezembro de 1988), 17). O celibato laical favorece a dedicação amorosa à santificação do mundodesde dentro, onde vive e atua o fiel cristão.

Ministros ordenados: a) Bispos e presbíteros: Os ministros ordenados (inclusive o diácono) são continuadores da missão apostólica (a ministerialidade) através dos séculos. Na ordenação, os sacerdotes (bispos e padres) são configurados a Cristo Cabeça e Esposo da Igreja. Eles representam sacramentalmente a presença do próprio Cristo nas comunidades. Quando o padre administra o Batismo ele o faz na pessoa de Cristo Cabeça – in persona Christi Capitis– de modo que não é apenas o padre que batiza, mas Cristo que batiza. O padre diz “Isto é o meu Corpo”, “Eu te absolvo”, emprestando a sua voz para que o próprio Cristo consagre e perdoe.E como o celibato contribui na missão sacerdotal? Renunciando a uma fecundidade e paternidade físicas, o sacerdote adquire uma maior fecundidade e paternidade espirituais. Veja-se o exemplo de São Paulo que era celibatário: “De fato, ainda que vocês tivessem dez mil pedagogos em Cristo, não teriam muitos pais, porque fui eu quem gerou vocês em Jesus Cristo, por meio do Evangelho. Portanto, eu lhes dou um conselho: sejam meus imitadores” (1 Cor4, 14-16).


O celibato permite uma vivência ainda mais profunda dessa configuração a Cristo Cabeça e Esposo. Isso por quê o sacerdote deve amar ao seu povo como Cristo amou. Este amor esponsal de Cristo pela Igreja é vivido pelos sacerdotes romanos, que como Jesus não se uniram em matrimônio a nenhuma mulher humana, mas à Igreja. Deste modo, o celibato dos sacerdotes possui uma distinção da dos leigos e consagrados: embora também sendo Igreja, eles se identificam especialmente com o Cristo Esposo (e pelo Batismo, com a Igreja Esposa). A missão dos padres é a do Cristo Esposo. Uma missão masculina, paternal e espiritual: ser imagem da hombridade de Cristo que combate o mal, constrói o Reino, protege e guarda a Igreja; gera filhos espirituais pela Palavra da fé, os sacramentos, a direção espiritual, a direção dos movimentos e pastorais; e, isso tudo, com uma fecundidade espiritual garantida pela vivência celibatária. Em suma, o celibato sacerdotal faz dos ministros ordenados mais guias, mais apaixonados pela Igreja e mais pais.

b) Diáconos: os diáconos celibatários não são configurados a Cristo Cabeça, mas a Cristo Servo, de modo que a sua missão está mais ligada ao serviço do que à direção de uma comunidade cristã. O celibato diaconal potencializa a capacidade de fazer-se dompara os outros. Os diáconos casados não vivem, evidentemente, o celibato. A sua missão se divide, portanto, entre a sua própria família carnal e sua família espiritual, a Igreja, bem como no serviço que presta à sociedade através de seu trabalho remunerado.

Consagrados: São aqueles que procuram viver a radicalidade do Batismo, por votos ou compromissos, pela prática dos três conselhos evangélicos da pobreza, castidade e obediência, segundo o seu carisma próprio. O celibato não é a mesma coisa que a castidade. É a “Castidade como virtude moral que regula o exercício da sexualidade segundo o estado de vida da pessoa, em função de seus valores e no respeito da natureza da própria sexualidade” (CENCINI, Amadeo. Virgindade e celibato hoje: para uma sexualidade pascal. trad. Joana da Cruz. São Paulo, SP: Paulinas, 2009, pag. 132). Também se pode dizer que a castidade é a ecologia do amor humano integral. É a arte de amar mais e melhor. A castidade deve ser vivida por todos os cristãos, o celibato por alguns.

Vivendo o celibato (ou a virgindade) castamente, os consagrados são uma “imagem escatológica especial da Esposa celeste e da vida futura, quando, finalmente, a Igreja viverá em plenitude o seu amor por Cristo Esposo” (Vita consecrata, 7). “A pessoa consagrada, seguindo o exemplo de Maria, nova Eva, exprime a sua fecundidade espiritual, tornando-se acolhedora da Palavra, para colaborar na construção da nova humanidade com a sua dedicação incondicional e o seu testemunho vivo” (Vita consecrata, 34). Em resumo, os consagrados além de terem os benefícios espirituais do celibato (paternidade-maternidade, fecundidade espirituais), são uma imagem especial da Igreja Esposa.

Homem: o celibato em si, configura toda a personalidade da pessoa, de modo que há modos próprios de um celibatário viver e de se relacionar. Tanto a sua capacidade de amar como a de trabalhar são atingidas por esse estilo de vida. O celibato masculino parece estar mais ligado ao “fazer”. O homem percebe não só a disponibilidade de tempo para o trabalho, como também sua eficácia. Um método simples de o homem descobrir o celibato é o de aplicar-se ao trabalho com “sentido sobrenatural”, ou seja, descobrir o amor de Deus no seu trabalho e através de seu fazer.

Algo interessante que também se pode dizer do celibato masculino é que leva o homem a transcender aquela atitude meramente sensual para com as mulheres, descobrindo o valor mais alto do amor, da amizade e do compromisso.

Mulher: o celibato feminino está mais ligado ao relacionamento humano, à capacidade de acolhida do outro. Na celibatária, ressalta-se a sua feminilidade por esta sua capacidade de acolhida e de atenção concreta. O método de descoberta do celibato para mulher parece estar mais ligado ao de entrega de si a Cristo Esposo. Pela oração, a mulher descobre o amor esponsal espiritual.

A tal propósito, é sugestivo o texto neo-testamentário que apresenta Maria reunida com os Apóstolos, no Cenáculo, aguardando em oração a vinda do Espírito Santo (cf. Act 1,13-14). Pode-se ver aqui uma expressiva imagem da Igreja-Esposa, atenta aos sinais do Esposo e pronta a acolher o seu dom. Na figura de Pedro e demais apóstolos, ressalta sobretudo a dimensão da fecundidade operada pelo ministério eclesial, que se faz instrumento do Espírito para a geração de novos filhos através da proclamação da Palavra, da celebração dos Sacramentos e pela solicitude pastoral. Já em Maria, é particularmente viva a dimensão do acolhimento esponsal com que a Igreja faz frutificar em si mesma a vida divina, através da totalidade do seu amor virginal (Vita consecrata, 34).

Isso não significa que a mulher deva permanecer apenas no trabalho “interior” da oração. Basta recordar Marta e Maria, o fazer e o rezar. A mulher também tem enorme capacidade de trabalho, veja-se por exemplo a vida de Santa Teresa de Jesus.

2. Uma primeira definição de estado celibatário

O celibato não é somente uma renúncia, mas uma escolha. Ser celibatário não é ser solteiro. Não é a renúncia do amor. O celibato não é somente para os padres. Não se compreende plenamente essa opção senão pela fé. Não se trata de um desprezo velado do matrimônio, pelo contrário. Celibato não significa isolamento do mundo ou das pessoas. Não é desprezo pelo ato sexual, nem puritanismo. Não é a renúncia à masculinidade ou à feminilidade, para se constituir como se fosse um outro gênero.

Negativamente, já se sabe o que não é o celibato. Positivamente, será tratado como um tema mais adiante. Mas, desde já se pode formular uma primeira definição. É a escolha de um batizado, que o insere num estado específico (celibatário) para viver de um modo novo o amor esponsal.

O celibato também é um “dar-se a alguém”. Dar não apenas atração, paixão, ou afinidades, mas a si próprio: eis o amor esponsal. O papa João Paulo II havia escrito antes de assumir o pontificado o livro “Amor e Responsabilidade” onde se encontra uma definição do amor esponsal:

“Dar-se” é algo mais do que só “querer bem”, ainda que, por causa disto, o outro “eu” se tornasse quase o meu próprio, como na amizade. Tanto do ponto de vista do sujeito individual, como do da união interpessoal criada pelo amor, o amor esponsal é, ao mesmo tempo, alguma coisa diferente, é superior a todas as outras formas de amor já analisadas. Quando o amor esponsal concretiza a relação interpessoal, então começa algo diferente da amizade: a entrega mútua das pessoas” (WOJTYLA, Karol, Amor e responsabilidade: estudo ético. São Paulo: Loyola, 1982, p. 85).

A opção vocacional celibatária pressupõe duas Pessoas, sem as quais não há entrega mútua. Quem pretende ficar sozinho não quer ser celibatário.

As pessoas que dedicaram a sua vida a Cristo, não podem deixar de viver no desejo de O encontrar, para estarem finalmente e para sempre com Ele. Daí a esperança ardente, daí o desejo de « entrarem na Fornalha de amor que nelas arde, e que outra coisa não é que o Espírito Santo » (B. Isabel da Trindade, Le ciel dans la foi. Traité spirituel, I, 1 in Vita Consecrata, n. 26).

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