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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Virgem Maria

Virgem Maria contra Satanás


Por que é que Maria é tão poderosa contra o demônio? Por que é que o Maligno treme e foge diante da Virgem? Se até agora já expusemos os motivos doutrinais, é tempo de dizer alguma coisa mais concreta que manifeste a experiência de todos os exorcistas.

Começo precisamente pela apologia da Senhora, que o próprio demônio foi obrigado a fazer. Obrigado por Deus, falou melhor do que qualquer pregador.

Em 1823, em Ariano Irpino (Avelino, Itália), dois célebres pregadores dominicanos, os padres Cassiti e Pignataro, foram convidados a exorcizar um rapaz. Nessa época, discutia-se entre os teólogos sobre a verdade da Imaculada Conceição, que haveria de ser proclamada dogma de fé, trinta e um ano depois, em 1854. Pois bem, os dois frades impuseram ao demônio que demonstrasse que Maria era Imaculada, obrigando-o a fazê-lo através de um soneto: uma poesia de catorze versos hendecassílabos com rima própria obrigatória. Note-se que o endemoniado era um menino analfabeto de doze anos.


Imediatamente Satanás pronunciou estes versos:

Vera Mãe sou de um Deus que é Filho
e sou filha d'Ele, embora sua Mãe.
Ab eterno Ele nasceu e é meu Filho
no tempo nasci eu que sou a Mãe.
Ele é o meu Criador e é meu Filho;
eu sou sua criatura e sua Mãe.
Prodígio divino foi ser meu Filho
um Deus eterno, e me ter por Mãe.
O ser é quase comum entre Mãe e Filho
porque o ser do Filho teve a Mãe
e o ser da Mãe teve também o Filho.
Ora, se o ser do Filho foi também da Mãe
ou se dirá que foi manchado o Filho
ou sem mácula se há-de dizer a Mãe.

Pio IX comoveu-se quando, depois de ter proclamado o dogma da Imaculada Conceição, leu este soneto que lhe foi apresentado naquela ocasião.

Há anos, um meu amigo oriundo de Brescia, padre Faustino Negrini, já falecido, enquanto exercia o ministério de exorcista no pequeno santuário de Stella, contou-me que obrigou o demônio a fazer a apologia de Nossa Senhora. Perguntou-lhe:

- Por que é que tens tanto medo quando nomeio a Virgem Maria?
- Porque é a criatura mais humilde de todas e eu sou o mais soberbo; é a mais obediente e eu sou a mais rebelde (a Deus); é a mais pura e eu sou o mais imundo - ouviu-o responder pela boca da endemoninhada.

Em 1991, quando exorcizava um endemoniado, lembrei-me deste episódio e repeti ao demônio as palavras ditas em honra de Maria e conjurei-o a que me respondesse, sem fazer a mais pálida idéia do que diria:

- A Virgem Imaculada foi elogiada por três virtudes. Agora, você vai me dizer qual é a quarta virtude que o faz ter tanto medo.
- É a única criatura que me pode vencer inteiramente, porque nunca foi tocada pela menor sombra do pecado.

Se é desta maneira que o demônio fala de Maria, que mais poderiam dizer os exorcistas? Limito-me à experiência que todos temos: palpamos a verdade de que Maria é realmente Medianeira de graças, porque é sempre Ela que obtém do Filho a libertação de alguém das garras do demônio. Quando se começa a exorcizar um endemoniado, um daqueles de quem o diabo se apossa realmente por dentro, somos insultados e gozados:

- Eu estou aqui muito bem... Nunca sairei daqui... Tu não podes nada contra mim... És muito fraco e estás a perder o teu tempo...

Mas, pouco a pouco, Maria vai entrando em campo e a música começa a mudar:

- É Ela quem quer... Conta Ela não posso nada... Diz-lhe que deixe de interceder por esta pessoa... Ela ama muito esta criatura... Bem, para mim acabou...

Também me aconteceu muitas vezes ser-me logo atirada à cara a intervenção da Senhora, desde o início do exorcismo:

- Eu estava aqui tão bem, mas foi Ela quem te mandou... Sei porque é que veio, porque foi Ela que quis... Se Ela não tivesse intervido, eu nunca te teria encontrado...

São Bernardo, no final do seu famoso Discurso do aqueduto, seguindo um fio de raciocínios estritamente teológicos, conclui com uma frase escultural: "Maria é toda a razão da minha esperança".

Aprendi esta frase quando era rapaz, enquanto esperava diante da porta da cela nº 5, em San Giovanni Rotondo; era a cela do Padre Pio. Depois, quis estudar o contexto desta expressão que, à primeira vista, poderia parecer simplesmente devocional. Saboreei a sua profundidade, a sua verdade e o encontro entre doutrina e experiência prática. Por isso, repito-a espontaneamente a quem está em dificuldades ou desespera, como acontece frequentemente a quem foi atingido por danos maléficos: "Maria é toda a razão da minha esperança".

D'Ela nos vem Jesus; e de Jesus todo o bem. Foi este o desígnio do Pai; um desígnio que não muda. Toda a graça chega até nós pelas mãos de Maria que obtém para nós aquela efusão de Espírito Santo que liberta, consola e alegra.

São Bernardo não hesita em exprimir estes conceitos com uma afirmação corajosa que marca o ponto mais alto do seu discurso e que inspirou a Dante aquela famosa oração à Virgem

"Veneramos Maria
com todo o ímpeto do nosso coração,
dos nossos afetos e dos nossos desejos.
Assim que Aquele que estabeleceu
que recebêssemos tudo
por intermédio de Maria."

É esta a experiência que, concretamente, todos os exorcistas experimentam sempre.

Pe. Gabriele Amorth, PSSP
Sacerdote da Pia Sociedade de São Paulo
Presidente da Associação Internacional dos Exorcistas


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