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sábado, 24 de novembro de 2012

Como gostar do santo


Paulo de Oliveira pediu-me para escrever um artigo sobre São João Neumann. Nem bem ele acabara de me pedir e eu já estava pensando no Santo; mas pensando daquele jeito de saber seu nome corretamente, saber detalhes de sua terra natal, saber se tinha pais, irmãos, profissão e coisas do gênero; saber também se era pobre, porque a maioria dos santos vem de famílias assim, que encontram em Deus um sentido melhor de vida.

Aconteceu, porém, que nesse meio tempo, tive de participar de uns dias de estudos, promovidos pelo CERESP - Centro Redentorista de Espiritualidade em São Paulo. E vejam só o que coincidência! Logo a primeira palestra era sobre São João Neumann; e o palestrante começou falando assim: “Santo a gente conhece para gostar...! Eu logo pensei que ele estava certo, porque é muito diferente comparar a biografia de um santo com biografias de cientistas, políticos, jogadores e aventureiros.


Se eu disser o nome do palestrante vocês vão concordar que ele tinha razão. Trata-se do Padre José Raimundo Vidigal, C.Ss.R.. Como vocês talvez já saibam, foi o Pe. Vidigal, C.Ss.R. que traduziu, do inglês uma biografia de São João Neumann, escrita pelo Pe. Richard Boever, C.Ss.R. lançada pela Editora Scala (www.graficascala.com.br), de nossos Padres Redentoristas em Goiás. E a ideia de que “a gente lê a biografia do santo querendo gostar dele”, é do Pe. Richard, C.Ss.R. na introdução de seu livro.

Um conselho: Se você quiser parar de ler este artigo e comprar logo o tal livro, eu fico contente, porque vale a pena, acesse www.graficascala.com.br. Mas, se você não puder comprar logo, então vou escrever mais um pouco.

Que São João Neumann era boêmio, nascido na Boêmia, vocês já sabem. Que a Boêmia situava-se onde hoje se situa a República Checa, também vocês sabem. Talvez vocês não saibam que o comunismo desfigurou de tal modo esse país, que quase nada mais ficou do tempo do santo em se falando de religião, cristianismo e fé. Basta dizer que Neumann, mesmo já formado em filosofia e teologia, não conseguia encontrar um bispo que o ordenasse padre, porque já havia padre demais na Boêmia. E hoje, infelizmente, a República Checa é um dos países mais ateus da Europa. As igrejas ali ainda são conservadas e muito bonitas; mas para turistas ver.

Eu tive a felicidade de conhecer a República Checa, e de ficar hospedado na casa dos redentoristas, distante quarenta quilômetros da capital Praga, cidade onde pude ver também a célebre imagem do Menino Jesus de Praga. Se falo dessa viagem é para complementar a afirmação que fiz de um país que esqueceu seus passados cristãos. A tal casa redentorista mais parecia um castelo fortificado, com quatro torres cercando os grandes muros, com uma belíssima e grande igreja situada no centro da fortaleza, construída no alto de uma colina. Nessa beleza e imponente construção moravam três padres em fim de vida e um irmão nas mesmas condições. É pena!

Nesse país, antigamente catolicíssimo, nasceu e viveu São João Neumann até o dia em que teve a ideia de ser missionário no Novo Mundo, e foi favorecido por uma instituição criada pela nossa princesa Leopoldina, que era húngara, e que, por ser brasileira também, sabia das necessidades de missionários para o grande continente das Américas a ser cristianizado.

Os redentoristas tinham atracado nos Estados Unidos no ano de 1832; e no dia 20 de abril de 1836 embarcava o nosso santo, que santo devia ser muito antes de morrer, porque, para não dar o que pensar a seus pais e irmãos, nem sequer se despediu deles ao embarcar.  E quando desembarcou, com a idade de 25 anos e após uma travessia de 40 dias, só tinha um dólar no bolso e a vontade de acabar de chegar numa terra onde já haviam desembarcado mais de 4.300.000 imigrantes. Era com eles que pretendia trabalhar o novo missionário, que queria ser padre e que foi ordenado sem nem mesmo ter as cartas demissórias.

Sua primeira paróquia foi em Bufalo, quase na fronteira com o Canadá, onde havia apenas quatrocentos católicos, mas que o obrigavam a andar a pé ou á cavalo por dias e dias a fio.

Com a língua, ou com as línguas, porque os imigrantes chegavam de todo canto, ele não teve dificuldade, enfrentando qualquer situação,  entre alemães ou índios. Não era para menos, porque falava sete línguas modernas, além do latim, grego e hebraico. Mas isso não o deixava orgulhoso; pelo contrário, era tímido e de difícil comunicação, mesmo tendo uma memória excepcional e vasta cultura teológica.

Foi graças ao seu desejo missionário, a sua simplicidade, e espírito de pobreza, que se entusiasmou com o primeiro missionário redentorista que encontrou nas Américas, o Padre Prost, grande pregador e asceta. A solidão que sentia em suas caminhadas missionárias, convenceu-o do ditado lembrado pelo Padre Prost: “Vae solis”, ai de quem vive só.

Entrou para o noviciado Redentorista, como exigiam as regras e costumes, mas não um noviciado tranquilo e isolado. Basta ver que num ano de noviciado morou em sete cidades diferentes, caminhou 4.500 quilômetros fazendo missões, tendo vários mestres diferentes.

Como datas curiosas para nós, lembro que Santo Afonso foi canonizado em 1839; e em 1842 professava na Congregação o primeiro redentorista americano, João Neumann.

Já fazia três anos que deixara a Europa, e até então não tivera uma única notícia de sua família. Foi aí que seu irmão Nicolau, veio morar com ele, como irmão leigo redentorista, trazendo boas notícias de seus pais e irmãos.

Seu tempo ele transcorria de missão em missão, nos lugares mais remotos e abandonados, como gostava, até que foi obrigado a parar porque foi nomeado bispo de Filadélfia; e por cúmulo do curioso: a maior cidade de então nos Estados Unidos, numa das paróquias mais bem situadas. Um homem baixinho, de apenas um metro e cinquenta, “Little Bishop” (Pequeno Bispo), como se disse, sem nenhum prestígio na sociedade americana, não sabia que iria se tornar um dos homens mais conhecidos no meio católico e mesmo social do seu tempo.

E foi em favor dessa sociedade que ele trabalhou com afinco, sobretudo criando escolas; as escolas paroquiais que se tornaram célebres nos Estados Unidos. E como discípulo de Afonso, e de suas devoções criou a “ Devoção das 40 horas”, em louvor ao Santíssimo Sacramento.

E por sua grande devoção a Nossa Senhora teve o privilégio de viajar para Roma por ocasião da declaração do dogma da Imaculada Conceição. Ocasião em que pode voltar à casa paterna, onde encontrou seu velho pai, de 80 anos, e recebeu elogios de seus conterrâneos. Para não se orgulhar dos elogios ele comentava: “Até uma galinha cega pode encontrar um grão de milho”.

A honra do bispado não o mudou em nada. Andava de casa em casa, a pé. E foi numa dessas andanças que encontrou a morte; na rua, num colapso fulminante, no dia 5 de janeiro de 1860, após ter fundado e construído 89 igrejas, em cada paróquia uma escola, chegando a ter mais de 9.000 alunos; de ter escrito 175 cartas, sendo quatro delas pastorais e duas sobre Nossa Senhora; de ter elaborado e impresso dois catecismos, e uma História Bíblica para seus alunos; e de ter percorrido a pé quilômetros e quilômetros e quilômetros, fazendo o que mais gostava: ser missionário popular.












Pe. Ronoaldo Pelaquin, C.Ss.R.
Sacerdote pelos Missionários Redentoristas
Atualmente atua na cidade de Aparecida, SP.


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